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Desafios da Medicina do Trabalho após a inclusão da Síndrome de Burnout no CID-11


O formato de trabalho atual, com telefones e dispositivos eletrônicos conectados o tempo inteiro, permite que donos de empresas tenham acesso aos funcionários quase que instantaneamente, gerando um estresse e um esgotamento mental que antigamente não existiam. Para acompanhar as mudanças nas relações de trabalho, a Organização Mundial de Saúde (OMS) atualizou a Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2022, e oficializou a Síndrome de Burnout como uma doença crônica associada a fatores que influenciam o estado de saúde.


Segundo Aier Adriano Costa, especialista em Medicina do Trabalho e Médico Responsável Técnico da Docway, o reconhecimento de uma nova doença (ou síndrome, no caso do Burnout) facilita a gestão de dados médicos para que seja possível observar de forma mais clara e precisa a condição de um paciente, facilitando a classificação de síndromes crônicas. “Isso não significa que vai aumentar ou diminuir o número de trabalhadores atingidos pelo problema, mas sim que ele será reconhecido com mais facilidade e, consequentemente, será possível acompanhar o crescimento dos dados de forma mais apurada. Afinal, enquanto não existia a opção de classificação da doença, o paciente era incluído nas estatísticas de outro problema qualquer”, explica.


O especialista esclarece que não podemos tratar a promoção da saúde como uma obrigação das empresas. Ainda assim, ela é vantajosa para todos os envolvidos, pois quando falamos em custos, perder um funcionário ativo, engajado e com boas entregas é sempre um grande prejuízo. Para se ter uma ideia, Costa lembra que uma síndrome de Burnout já muito instaurada pode levar meses de tratamento. Por outro lado, se for identificada logo no início e tiver um acompanhamento adequado, o trabalhador pode nem precisar se afastar. “Dessa forma, um olhar atento para a saúde interna da equipe pode fazer uma empresa ganhar tempo – e tempo é dinheiro!”, aponta.


De acordo com o médico, o grande desafio agora é quebrar o paradigma cultural brasileiro de resistência e preconceito com tratamentos psicológicos. “Muitas pessoas querem economizar com a saúde, mas poucas percebem que, dessa forma, vão ter um custo muito mais elevado com a doença. Ações preventivas e de promoção da saúde são muito mais baratas que perder um funcionário. E as empresas que se aproveitarem desse momento para inserir debates e estratégias de saúde dentro da equipe com certeza vão se beneficiar e ganhar destaque em curto prazo”, sinaliza.



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